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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Promotora e delegado investigam agressão

O jornalista e advogado Roberto Guedes, vítima de agressão no último sábado (15) em Caiçara do Rio do Vento, contará com proteção do Estado. O pedido foi feito pela promotoria da comarca de Lajes - que abrange o município onde ocorreu o incidente - e acatado ontem pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. A Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol) indicará os agentes responsáveis pela segurança do jornalista, que permanece internado num dos hospitais da capital à espera de uma nova cirurgia e recupera-se bem. Um novo delegado também foi designado para apurar as agressões ontem.

O caso passará das mãos do delegado de Lajes, Eduardo Portela, para o delegado Otacílio Medeiros, da 1ª Delegacia Regional de São Paulo do Potengi. Os primeiros depoimentos estavam agendados para esta segunda-feira (17) mas nenhuma testemunha compareceu à delegacia de Lajes, "por medo de represálias", como informou a promotora Juliana Alcoforado, da comarca de Lages.

Segundo Guedes, a agressão teria sido motivado por denúncias contra políticos locais. O jornalista disse ter começado a receber ameaças nos últimos 15 dias e que as ameaças ficaram mais intensas na última semana. Ele chegou a enviar uma mensagem para o  perfil da  promotora Juliana Alcoforado  no facebook relatando as ameaças na tarde da última sexta-feira (14).

Em entrevista concedida à TRIBUNA DO NORTE ainda no sábado, Roberto apontava um dos candidatos à prefeito de Caiçara do Rio do Vento, Felipe Muller, o pai dele, o ex-prefeito de Caiçara, Felipe Elói Muller, e a irmã do candidato, Priscila Muller, como os mandantes da agressão. Ele voltou a acusar os três pelo crime e mais dois vereadores nesta segunda-feira (17).

A Polícia Civil esclareceu que até agora ninguém foi indiciado e que ainda não poderia apontar os responsáveis pela agressão. "Ainda estou me inteirando sobre o ocorrido. Ainda não temos dados suficientes para dizer se trata-se de um crime eleitoral", afirmou Eduardo Portela. Se ficar constatado que se trata de um crime eleitoral, o caso será encaminhado para a Polícia Federal e Ministério Público Federal.

Roberto disse ter sido atacado por correligionários do candidato da oposição enquanto abastecia o carro, na noite do último sábado. Para não ser linchado, disse ter fugido em direção à sua casa, onde foi novamente alvo de agressões. Na fuga, Roberto, que dirigia uma caminhonete, atropelou um rapaz. Uma das pedras atiradas quebrou o vidro e o braço do jornalista, que passa bem. 


NOTA   

O ex-prefeito de Caiçara do Rio do Vento - um dos acusados pelo jornalista - emitiu uma nota, afirmando que no dia do atentado estava em Mossoró junto com o filho e a candidata à vice-prefeita. Felipão, como é mais conhecido, classificou "como caluniosa, injuriosa e difamatória qualquer tentativa de nos associar aos eventos do último sábado", (leia nota na íntegra abaixo)

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte também emitiu uma nota de repúdio e afirmou que "é inadmissível que nos dias atuais pessoas não aceitem opiniões diferentes e achem que com violência poderão cercear a liberdade de expressão. Não podemos admitir que coisas desse tipo tornem nosso estado um dos mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista". A direção do sindicato dos jornalistas se reuniu na tarde de ontem com o secretário de Segurança, Aldair Rocha, para cobrar mais segurança para categoria.

A promotora, Juliana Alcoforado, que marcará novos depoimentos para esta semana, disse que ainda é cedo para falar sobre a autoria do crime. "Há duas versões. É preciso ouvi-las".

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em decorrência da veiculação de narrativas concernentes ao envolvimento da minha família em episódio ocorrido na noite de 15 de setembro do ano vigente, na cidade de Caiçara do Rio do Vento, em que o Sr. Roberto Guedes (Jornalista) teria sido supostamente vítima de agressões corporais; tenho por necessário registrar os seguintes esclarecimentos:
I - Na data de 15 de setembro de 2012 (último sábado), juntamente com o meu filho e candidato a Prefeito Municipal de Caiçara do Rio do Vento e sua respectiva candidata a vice-prefeito, Conceição Lisboa, estive na cidade de Mossoró/RN durante toda a noite, tratando de assuntos particulares, somente regressando à cidade de Caiçara no dia seguinte (domingo);
II - Não obstante a relação de parentesco entre o Sr. Roberto Guedes e o atual Prefeito do Município de Caiçara do Rio do Vento, igualmente candidato à reeleição, de quem aquele é concunhado; contexto que tem dado ensejo a publicação de diversas matérias jornalísticas que visam a denegrir a minha imagem e a da minha família pelo aludido comunicador, com fins notoriamente eleitoreiros; não possuo qualquer inimizade pessoal ou desavença com o jornalista em referência, nunca tendo havido desentendimento ou discussão de qualquer natureza;
III - Os fatos noticiados na data acima mencionada em nada se relacionam com a minha pessoa, com a da minha família ou com quaisquer dos líderes eleitorais que conduzem a campanha do meu filho Felipe Muller; motivo pelo qual reputo caluniosa, injuriosa e difamatória qualquer tentativa de nos associar aos eventos do último sábado, circunstância que será devidamente apreciada pelo Poder Judiciário;
IV- Por último, registro o meu repúdio a qualquer ato de violência física e/ou verbal que tenha como falso pretexto a livre manifestação de pensamento político, ideológico ou partidário, pois, certamente, o povo de Caiçara do Rio do Vento será soberano na escolha do seu próximo Chefe do Poder Executivo Municipal, não havendo qualquer possibilidade de seus cidadãos se curvarem diante de ameaças ou de realidades distorcidas por aqueles que não se conformam com a legítima expressão da vontade popular.
Caiçara do Rio do Vento/RN, 17 de setembro de 2012.
FELIPE ELÓI MÜLLER
Ex-Prefeito de Caiçara do Rio do Vento

Fonte: Tribuna do Norte

Reportagem de  Andrille Mendes

 

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