Dados são de pesquisa inédita realizada com 2609 bancários de 25
estados, por iniciativa do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, em
parceria com a Contraf (Confederação dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro) e com o FIG (Fundo para Igualdade de Gênero)
O projeto Assédio Moral na Categoria Bancária constatou que 60,72%
dos trabalhadores entrevistados se sentem nervosos, tensos ou
preocupados. Outros sintomas apresentados são cansaço, tristeza,
insônia, dor de cabeça.
Estresse e assédio têm sua razão de ser: estão diretamente ligados à
forma como se estruturam as relações e o ambiente de trabalho. O
projeto já formou 366 multiplicadores entre os dirigentes sindicais
bancários de todo o país.
Embora haja um clima positivo em relação às chefias e às equipes,
existem muitas queixas em termos de comunicação - boatos que geram
insegurança, pessoas que não passam informações e que impedem o contato
com as chefias.
Setenta e um por cento dos bancários reclamaram da falta de pessoal.
A extrapolação de jornada, a carga excessiva de trabalho e o excesso de
competição também foram muito citados pelos entrevistados.
Silêncio
“Existe o assédio propriamente dito, aquele no qual o empregado é
submetido a situações constrangedoras, e outro, bem mais comum: o
assédio que decorre das condições de trabalho", afirma a psicóloga
Regina Maciel, integrante da coordenação do projeto e responsável pela
elaboração do relatório de pesquisa.
Embora o índice de assédio seja considerado alto, sobre o tema ainda
reina o silêncio. Apenas 5,2% daqueles que relataram ter sido vítimas
de situações constrangedoras no trabalho falaram sobre isso com alguém,
geralmente da família.
"A hora é de trazer o assunto à tona e estimular as denúncias", diz
a coordenadora geral do projeto, Suzineide Medeiros. "O Sindicato ainda
é muito pouco procurado pelas vítimas. Precisamos mudar essa realidade
para melhorar nosso ambiente de trabalho".
Ela acrescenta que os desafios agora são incluir o tema na convenção
coletiva, aprovar uma lei nacional que iniba o assédio e ampliar o
debate com a base.
"O medo ainda é o grande vilão para os bancários e trabalhadores em
geral e um grande aliado dos patrões, pois as vítimas têm medo de
denunciar”, diz Suzineide.
Ela ressalta a importância da cartilha elaborada pelo projeto, que
fez aumentar o número de denúncias. E enfatiza a necessidade de
investir na prevenção.
Meta superada
A meta inicial de sensibilização de dirigentes sindicais foi
superada. O projeto previa a capacitação de 240 representantes de
sindicatos de bancários em todo o país; 366 dirigentes tornaram-se
multiplicadores em oficinas realizadas em todas as regiões.
Também é fruto do projeto a criação do primeiro grupo de estudo
sobre o assunto, formado por integrantes do sindicato, prefeitura do
Recife, prefeitura de Jaboatão, Inest (Instituto Nacional de Estudos em
Saúde do Trabalhador) e Secretaria de Saúde do Estado.
Imagem retirada do Google
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Fonte: Meu Salário
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